Não é a primeira vez, mas terá sido uma das mais extravagantes discussões entre Vera de Melo e Suzana Garcia, em direto, na TVI. As duas comentadoras discordam, por vezes, mas nesta terça-feira, a discussão escalou um pouco de mais, chegando mesmo a troca de insultos e ameaças de abandonar o estúdio.
Sem Cristina Ferreira, foi Cláudio Ramos quem tentou pôr água na fervura, mas com pouca sorte, já que as duas foram lançadas num debate acirrado.
Em causa, o caso de uma grávida que entrou em trabalho de parto às 26 semanas, com o bebé a morrer. Há suspeita da mulher ter provocado o parto, uma vez que às 21 semanas de gestação procurou ajuda médica para fazer uma interrupção voluntária da gravidez, o que já não era permitido.
E aqui começou a discórdia. A psicóloga Vera de Melo acredita que a médica a poderia ter ajudado, marcando-lhe uma consulta de planeamento familiar, uma vez que ela não tinha qualquer consulta ou exame realizado até então, nem nas semanas seguintes.
“Hoje, ser mãe é uma escolha”, disse ainda a psicóloga, e aqui é que chegou a mostarda ao nariz de Suzana Garcia.
“Tenho de fazer aqui uma ressalva para todas as mulheres que ficaram grávidas e que não quiseram essa gravidez e foram alvos de violação 𝓈ℯ𝓍ual, essas mulheres não escolheram estar grávidas”, disse a advogada.
“Oh Suzana, isso é um extremo, não vale a pena estarmos a falar em extremos”, interrompeu Vera de Melo, iniciando-se assim um bate boca frenético.“Estou a falar! Mas posso falar?”, questionou Suzana “Tu é que me interrompeste a mim, porque estava a falar primeiro, portanto vais esperar”, retorquiu Vera.
“Não é verdade que todas as pessoas escolham estar grávidas e seja uma opção. Não é também verdade que as pessoas quando estão grávidas e têm bebés com patologias severas escolham estar grávidas naquele contexto. A minha solidariedade para com elas também. Não é função da médica que viu esta senhora numa primeira e única consulta marcar uma nova”, referiu Suzana.
“É função sim! Acho que este discurso não pode ir para populismos e extremos. Obviamente que não sou estúpida e não estou a falar de situações extremas, agora quando queremos utilizar este espaço aqui para outras coisas e não para fazer informação leva a estes extremos que a Suzana acabou de fazer agora – que é os extremos de falar de pessoas com doenças e pessoas violadas.
Como é óbvio, se alguém sabe o que sofrem [estas mulheres] sou eu e não ela, porque ela se limita a acompanhar do ponto de vista jurídico e não emocional. O que estou a dizer é que, hoje, existem vários métodos anticoncecionais que fazem com que a mulher possa fazer da gravidez, hoje, uma escolha. Paralelamente, a médica de família marca automaticamente essa consulta e pode fazê-lo e deve fazê-lo”, atirou Vera de Melo.
“O que a Vera disse, e foi repetido três vezes perante a perplexidade do Cláudio [Ramos], é que hoje em dia só está grávido quem quer.
Agora não me vais interromper porque estou a falar, se faz favor e com educação”, disse Suzana Garcia.
“Isso Educação tu não tens, Suzana”, atirou de pronto a psicóloga, agravando mais ainda o debate, com Cláudio Ramos, pelo meio, a tentar acalmar a situação.
“A questão dos populismos e afins, diz mais de ti do que de mim. Eu não levo lições de gravidez de ti, porque se há alguém que passou por ela diversas vezes, inclusive por perdas gestacionais, sou eu. Em relação aquilo que é a tua perceção sobre isto, é teórica porque ouves os pacientes, eu não – é pessoal. De facto, de ti não recebo mesmo estas lições porque nunca passaste por aquilo que eu passei. E sendo psicóloga, devias ter cuidado com o vocabulário que usas em relação a estas mulheres que estão lá em casa e podem estar a ouvir-nos, que foram violadas e não optaram por estar grávidas”, continuou Suzana Garcia.
“Lamento, mas isto não é, de todo, a forma como eu revejo o que é comunicar. […] Há aqui pessoas que não sabem conversar. Não é preciso estar a usar ataques com adjetivos, porque eu nem sequer usei adjetivos para te descrever. Tu é que os usaste. Eu não precisei de te atacar pessoalmente, eu falei da situação. Não usei adjetivos para te desclassificar, tu é que os usaste para mim e tu é que és a psicóloga”, disse, por fim, Suzana Garcia, numa conversa que subiu de tom.